Description:
Elaborado em perspectiva interdisciplinar, o artigo propõe uma discussão teórica da apropriação cotidiana e ressignificada da categoria jurídica menor na sociedade brasileira. Para tanto, inicia se com a análise de dois procesos histórico-sociais opostos e complementares, a invenção/valorização da “infância ideal” e a intervenção/desvalorização da menoridade, concebida como “infância problema”. No item seguinte é feita a problematização, historicamente contextualizada, da atuação política de serviços de assistência à menoridade e de seus reflexos no imaginário social. Ao final, busca-se na teoria psicanalítica elementos oportunos para a reflexão da resistência à adoção dos termos criança/adolescente quando aos sujeitos foram atribuídos determinados estigmas sociais, desvelando-se, assim, uma “cultura da violência” pela qual se justifica a negação da alteridade daqueles que não se encontram entre os beneficiários do sistema.